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Um diário de alguém que descobriu recentemente que é seropositivo, mas vai acreditar até ao fim que o milagre vai acontecer. Se pelo caminho ajudar a uma só pessoa a evitar ser contaminado ou a suportar melhor o seu convívio com o HIV-SIDA, já vale a pena escrever um pouco da minha história de vida, compartilhar pensamentos, alegrias e sentimentos. Só tenho a certeza de que a esperança é a última a morrer.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

TENHO ANDADO POR AÍ

Faz tempo que não dispenso algum do meu tempo para actualizar este espaço. Não é por falta de tempo, é mesmo por falta de vontade. Passada a crise provocada pela Sífilis, que a incompetência do meu infecciologista deixou prolongar por se ter esquecido de pedir a despistagem desta doença nas primeiras análises que me mandou fazer, a minha vida retomou o curso semelhante à de qualquer cidadão que desconhece ser seropositivo. Não que eu não tenha consciência disso e que me esqueça de agir como tal, apenas faço uma vida que não tem espaço para se martirizar com o problema. Sempre tive uma atitude optimista perante a vida e os problemas sempre os encarei como factos passageiros que contribuem para o meu amadurecimento como pessoa, e nunca como uma fatalidade ou uma maldade dos deuses para me castigarem. Este problema que agora enfrento é apenas mais um, talvez o mais grave de todos os que tive de ultrapassar até agora, mas não o encaro como o derradeiro, nem como o fatal. O povo diz que «O que não tem solução solucionado está», mas até que a realidade me prove o contrário acredito que este tem solução e resolvido ficará.
Tenho consciência que dias mais difíceis virão. Não sei como os irei encarar. Neste momento a determinação é de os receber com o mesmo optimismo e esperança com que tenho encarado a vida.
Não sou daquelas pessoas que fazem da vida uma festa ou uma tragédia conforme os acontecimentos se sucedem. Não vivo da busca de emoções fortes que transformam a vida num carrocel em que a euforia sucede à depressão, em que a gargalhada alterna com as lágrimas, em que ou sou desmesuradamente feliz ou tragicamente infeliz como se tudo na vida fosse um excesso para o bem ou para o mal.
A minha vida tem sido uma serena caminhada por entre as pedras do caminho, sem euforias é certo, mas uma jornada muito agradável de que não me arrependo ou envergonho de ter vivido, com tropeções e quedas como acontece a todos os mortais, mas nunca soçobrei de joelhos perante as dificuldades, antes olhei em frente e procurei seguir o caminho, aprendendo e resistindo e é assim que pretendo continuar até que a derradeira queda aconteça e já não reúna forças para a reiniciar. Até lá vou continuar a ser como até aqui sereno e persistente, aproveitando a maravilha que é viver, caminhando consciente que o último passo será dado um dia como o qualquer outro simples mortal.

2 Comentários:

Blogger João Visionário disse...

há que ter orgulho numa atitude como a tua... eu sou mais de viver a vida ao maximo... levando-me a estar terrivelmente bem e terrivelmente mal em curtos espaços de tempo.
Não é melhor nem é pior, é uma maneira diferente de viver a minha vida.!
Tem força, coragem e orgulho na tua atitude. Nos dias que correm é realmente cedo demais parat e dares por vencido. O problema tem a dimensão que tem... mas não é a tua sentença de morte. Até ao ultimo dia muitas coisas irão acontecer e o futuro é algo de muito incerto... para o mal mas também para o bem... ânimo aí!

12 de abril de 2007 às 19:51  
Anonymous Anônimo disse...

ADORO SEU BLOG

BEIJOS

HAIRYBEARS
http://hairybears.blogspot.com/

14 de abril de 2007 às 20:17  

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